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quinta-feira, outubro 05, 2006

Pela tolerância, contra a extrema direita (2)

Pedro, tens razão, o post precedente merece uma explicação. Seguiste o link? Se o fizeste viste 3 locais de voto, sobre os quais pairavam uns abutres.

Este Domingo, dia 8, é dia de eleições na Bélgica, eleições autárquicas. E, como sempre em vésperas de eleições neste país dito tolerante, é preciso lembrar as pessoas dos perigos dos abutres de extrema direita e dos partidos intolerantes em geral, sejam eles fascistas (os mais representativos aqui), islâmicos ou outros.

As pessoas não podem gritar "que horror" porque o Irão elegeu um déspota cretino para presidente, e depois no segredo do voto, votar por outros cretinos que são tão perigosos como o Ahmadinejad (?).

Ninguém pode esquecer que Hittler chegou ao poder através de uma eleição democrática, mesmo se a seguir subverteu e destruiu o sistema que o elegeu. Também Salazar usou a democracia (falseada...) para fortalecer o seu poder num famoso referendo em que as abstenções contavam como votos a favor.

A democracia é o pior de todos os sistemas, com excepção de todos os outros. Não foi o Sérgio Godinho que disse isto, mas sim Winston Churchill. E isto é profundamente verdade.

A democracia encerra em si o risco de se autodestruir, nomeadamente elegendo déspotas! A única forma de isso não acontecer é, quanto a mim, educar, formar a população, transmitir um espírito cívico e crítico. Mas, infelizmente, é o contrário que tem acontecido. Os Estados Unidos são o exemplo claro. Um país a várias velocidades, em que o grosso da população é cada vez menos educada, e cada vez mais mal formada civicamente, cada vez mais formatada num molde de "pão e circo". É claro que ter uma população acrítica é visto pela maioria dos políticos como uma benesse, um aborrecimento a menos! Mas o perigo está lá: um dia, um paspalho com falinhas mansas convence as massas, e estamos todos, TODOS, em apuros.

Aqui na Bélgica é perturbador. Na Flandres, um dos maiores partidos, se não mesmo o maior em expressão eleitoral é o Vlaams Belang, um partido fascista, intolerante, xenófobo. O que não o impede, antes pelo contrário, de ter 38% nas sondagens para a cidade de Antuérpia. A Bélgica não é a Venezuela, onde a populaça viu em Hugo Chavez uma saída para a pobreza e da miséria da qual ninguém tem hipótese de sair. Mas será que saíram com Chavez? Duvido... Ganharam um déspota. Mas o desespero pode, talvez, justificar a falsa esperança... Porém na Bélgica vive-se bem, muito bem mesmo, essa justificação não existe. O nível de vida é um dos melhores do mundo, o estado social funciona, com os seus defeitos, claro. A mobilidade social não será parecida com a americana, mas existe e funciona. As oportunidades nunca são iguais, mas é possível subir socialmente através da educação e do esforço. que aqui trabalham. Como é que este povo pode votar em fascistas, xenófobos, intolerantes? Mais, a Bélgica e o tecido produtivo belga depende, numa medida enorme, de estrangeiros. Como pode alguém votar por um partido cuja primeira e mais importante promessa é expulsar estrangeiros? A economia local ruíria imediatamente, e com ela toda a bela vida destes 10,5 milhões de almas.



O Triângulo vermelho serve para lembrar às pessoas de hoje que há pouco mais de 60 anos atrás, todos os que não eram exactamente iguais aos outros, eram obrigados, pelo poder ocupante nazi de usar um triângulo vermelho bem visível. Começou assim...
É esse o resultado da intolerância.
Morte, conspurcação e vergonha.

Em Portugal o fascismo também quer renascer. Por enquanto, felizmente, sem expressão eleitoral. Espero e farei tudo para que assim continue!

Sucessivos ministros e ministérios da educação atiram o estudo da ditadura para o último capítulo, aquele que nunca é visto nas aulas, porque os programas são extensos, e entre 1415 e 1640 aconteceu tanta coisa em Portugal... Alguns professores de história desprovidos de espírito crítico, outros saudosos, agradecem... Porém é preciso revoltar-se. Agir.

Não perguntem de onde renasce o fascismo (em Portugal ou na Bélgica): renasce do esquecimento...

Ninguém daqueles que como eu têm 30 anos sabe o que foi a ditadura. Nunca ninguém lhes ensinou, poucos fizeram o esforço individual, e ainda menos tiveram a sorte de conviver, conhecer, admirar resistentes... E assim, a história não se inscreve...

“É a vida”, diria um muito mau primeiro-ministro que tivemos. Mas não é, não é uma fatalidade! Temos mais do que o direito, sobretudo O DEVER de recordar, de aprender, de não deixar cair no esquecimento.

Porque o melhor a fazer com o passado, seja ele individual ou colectivo, é aprender a não repetir os mesmos erros.

3 Comentários:

Anonymous Anónimo opinou:

Bom dia,
Tem razão de falar da extrema direita, dos partidos racistas, fascistas, xenófobos, e antidemocráticos.
E um problema importante na europa.
Não ajuda nada de fazer muitas cerimonias de comemoração dizendo que as coisas não pode se reproduzir se não temos a consciência da situação actual.
As coisas são a se reproduzir.
Devemos o ver! Devemos agir.
Como durante os anos 1930, a extrema direita esta a crescer na europa com mais ou menos sucesso mas com certeza.
Ditaduras existem no mundo que tem as características que estamos a criticar.

E verdade que não conhecemos pessoalmente a situação. Não vivemos na ditadura nem na secunda guerra mundial.
Mas os nossos pais e avos tem e podem contar nos. Há muitos informação sobre este período da historia que podemos ouvir.
Mas também há os testemunhos da gente que estão a fugir ditaduras e que mandam nos o asilo político. Lembromo-nos do passado, devemos acolher este gente: é os nossos deveres para a defesa da democracia. Devemos agir e podemos. Podemos ajudar este gente a defender a democracia do seu país.

Obrigada de fazer este posto.

Mais é importante não fazer amalgamas. Acho que não podemos comparar o Hitler como o Chavez!
O presidente Chavez foi eleito democraticamente e até hoje, a democracia continua a existir no Venezuela.
Parece que o parlamente continua a trabalhar, que há liberdade de impressa, que os sindicatos continuam a existir. A educação dos crianças está a crescer… Todos coisas que são bom indicador da saúde da democracia e da vontade da manter.
Mais, antes de Chavez havia desaparição neste democracia musculosa. Parece que isto não continua. Por outro lado, parece que não há prisioneiros políticos nos prisãos. Estou tanto mal informada ?

E porque dizer que o Chavez é um déspota ? Porque ele não segui a vontade da América ? Porque não gosta do Chavez ? A gente que não gosta dele são a gente que gosta muito do capitalismo. E verdade que não são as ideais políticas de Chavez. Ele faz um grande reformo como o petróleo que é contrario ao capitalismo ! Mais graça deste reformo, agora, no Venezuela, o petróleo também participe dum comercio mais equitativa! Não há um contradição entre os vossos dois postos ? O comercio equitativa preciso de reformos que não estão muito bem harmonizados como o capitalismo. E verdade!

Lucélia.

3:42 da tarde  
Anonymous Anónimo opinou:

Caro Rui,
Em primeiro lugar, a minha opinião segue em quase tudo.
Excepto em talvez dois pontos:
1o)entendo (atenção que entendo é diferente de concordo) a posição dos 38%. Estive em bruxelas e vi aquele centro e aquelas ruas.
2o)Com cada vez mais "terror" com base a religião, porque temos que ser nós (ie ocidentais) a ser sempre os bonzinhos. Ao matarem-se em autocarros e metros e aviões tornam-se diferentes. E xenofobia é ser contra os diferentes.

Cara Lucelia, Chavez é um santo. Principalmente para a conta bancária dele. Como todos os tiranos, excepto um, que morreu com menos do que tinha: Salazar.

P.

9:45 da manhã  
Anonymous Anónimo opinou:

Cara P.
Não sabe o que viste nas ruas de Bruxelas, mais a extrema direita não pode estar uma solução. Eles vão estar uma causa de novas problemas nas ruas, como por exemplo "pogrom"… e outras agressões racistas. Não pode se entender a posição dos 38%.
Qual e a origem de informação sobre a conta bancária de Chavez ?
Lucélia

7:28 da tarde  

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