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segunda-feira, novembro 29, 2004

Foto do dia


sexta-feira, novembro 26, 2004

Ausência prolongada...

o meu laboratório comprou um novo "brinquedo" informático...




4 processadores, 16Gbytes de RAM. Faz um barulho de avião, e precisa de ar condicionado na sala, isto para além do armário de 2m de altura...

Eu tenho andado muito ocupado a proceder à instalação. (Para os conhecedores: um sistema solaris 9, instalado de raiz; uma migração completa da velha máquina para a nova... 3 semanas a tempo inteiro... Como só tenho meias semanas, vão ser 5 ou 6 semanas nisto).

Voltarei em breve à escrita, com outro texto sobre o referendo!


sábado, novembro 20, 2004

Referendo sobre a constituição europeia:

"Concorda com a Carta de Direitos Fundamentais, a regra das votações por maioria qualificada e o novo quadro institucional da União Europeia, nos termos constantes da Constituição para a Europa?"

Então, já pensaram no que vão responder?

Que raio de pergunta! Quem inventou isto?
Tenho lido a constituição aos poucos, e esse texto já é tão opaco, tão longe do cidadão normal... Será que não podiam ter feito uma pergunta mais clara?

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1) "Concorda com a Constituição Europeia na sua generalidade ?"
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E se quiserem complicar, podem sempre perguntar :

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Se respondeu SIM, por favor responda às questões seguintes:
2S) Leu a constituição, vai ler, ou tenciona lê-la um dia
SIM
NÃO

3S) Se respondeu NÃO à pergunta precedente, diga-nos por favor como é que construiu a sua opinião
VOTO COMO ME DIZ O MEU PARTIDO
LEIO OS JORNAIS
OUTRO, por favor especifique:

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Se respondeu NÃO, por favor responda à questão seguinte:
2N) Indique os pontos com que discorda ?
NENHUM, SOU DO CONTRA
VOTO COMO ME DIZ O MEU PARTIDO
OUTRO, por favor especifique:

3N) Está consciente das consequências do seu voto?
SIM
NÃO
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sexta-feira, novembro 19, 2004

Está a nevar em Bruxelas!

domingo, novembro 14, 2004

Viagem no espaço e no tempo


Sábado passado parti de Bruxelas não muito tarde, para ir até Lille, Lille França, Lille capital europeia da cultura em 2004.
Objectivo, o museu "d'Art Moderne de Lille Métropole", em Villeneuve d'Asq, objectivo último, uma viagem no espaço e no tempo, da Europa ao México, de 2004 a 1910, e numa tarde percorrer o período de 1910 a 1960. Visitar o México mas não um México qualquer, o México artístico de Diego Rivera, de Frida Khalo, de Siqueiros, de Cueto, de Ruiz. Um México mágico que me fascina desde a leitura do livro "Os anos de Laura Diaz", de Carlos Fuentes, fascínio cultivado com obras da Taschen, e uma ou outra visita cultural. Um México original mas também um México europeu, com artistas formados em Paris mas também, destino de muitos exilados das muitas guerras que fustigaram a Europa nesse intervalo de tempo, exilados da União Soviética, exilados da guerra civil de Espanha, exilados da segunda guerra mundial,...

A primeira surpresa foi a entrada do museu. Num belo jardim, várias estátuas, entre elas, uma de Picasso, mas, para mim o interesse foi sobretudo para duas obras de Calder. "Guilhotina para 8", uma obra estática. Mas também e acima de tudo, um dos seus objectos em movimento, em equilíbrio instável.




Alguma vez sonharam com o que se encontra à porta de algo que nos permite viajar no espaço e no tempo? Foi isto que encontrei!


Calder é um dos meus escultores favoritos, e tive a sorte de, em 2003, passar por Bilbau durante uma retrospectiva de Calder no Guggenheim, chamada muito apropriadamente "Calder. Gravity and Grace". Esta frase resume o que eu mais aprecio em Calder, uma sensação de que as suas obras estão em equilíbrio instável, e que podem "cair", mudar de forma, reconfigurar-se à primeira brisa, ao primeiro sopro. Muitas são móveis, e a mudança de forma é mesmo um dos principais objectivos do escultor. Calder não é mexicano, antes um americano de Paris. Esta obra está em exibição permanente nos jardins do museu.

Regressemos então ao "México". Entrei no museu, comprei o bilhete, mas antes de entrar na máquina do tempo, procurei reconfortar o estômago. Como em muitos museus, também aqui se come bem. Uma espécie de "fast food" calma e com alguma classe, não fosse isto um museu e, não se esqueçam, estamos em França. Uma tarde de salmão como eu também sou capaz de fazer, mas não tenho feito ultimamente. Bem servida, inundada em salada, o tudo acompanhado por uma cerveja branca belga.

O corpo reconfortado venha o conforto do espírito. Entremos então nesta máquina do tempo.
Algumas instruções, um pouco de enquadramento histórico e estamos prontos para 1910.
1910, Rivera vive em Paris, partilha um apartamento com Modigliani.
Já pensaram como é que dois pintores se insultam um ao outro? Neste caso, pintando o outro, e exagerando os seus defeitos. Três retratos Modigliani por Rivera (cada vez mais magro), e dois de Rivera por Modigliani (cada vez mais gordo), mostram a evolução das relações entre eles, que se terminaram em separação mais ou menos violenta.
Este detalhe e outros, como a comparação entre um Picasso, e um Rivera semi-cubista, mostra como a exposição foi muito bem concebida. De Paris regressamos ao México, e de Rivera passamos a Posada, cujo nome não conhecia, mas cuja caveira revolucionária já tinha visto algures, e passamos também aos anos 20. Duas salas mais, mais uma década, os anos 30 com Ruiz e as suas "paisagens-corpos", meio Escherianas mas com um toque de Magritte, e mais Rivera, agora de regresso a casa. "A vendedora de flores" marca aqui simbolicamente esse regresso a casa, numa sala impressionante, de que este quadro é a peça central, mas que também contém alguns estudos para um dos seus murais "desaparecidos" para o Rockefeller de Nova Iorque (famosa pela polémica que gerou, e que acabou por dar azo à sua destruição...).

As salas seguintes foram a maior decepção - os murais. Apenas dois, com 3 a 4 metros de altura, por metro e meio de largura. Um de Rivera, um estudo de Siqueiros, pouco mais. Talvez eu tivesse expectativas em excesso... Parece que apenas estes dois murais pesam qualquer coisa com 30 toneladas! Imagino que seja difícil transportar obras deste tamanho.

Após a decepção dos murais, uma surpresa agradável, e uma descoberta parcial: máscaras metálicas de Cueto, início dos anos 30. Aos anos 30 seguiram-se os 40, aqui representados pela gravura e litografia, e, na sala seguinte, foco de atenção da maior parte dos visitantes: os auto-retratos de Frida Khalo. Parece que toda a gente conhece Frida Khalo, até fizeram um filme sobre a vida dela. Não vi o filme, nem sabia da sua existência (obrigado Bruno)... Os seus retratos são perturbadores, tristes, mesmo dolorosos, e talvez por tudo isso não me despertam uma grande admiração. As suas naturezas mortas são mais ligeiras, quase humorísticas, pois contêm sempre algures um animal vivo, um periquito, ou uma bandeira mexicana, ou uma mensagem para um amigo. A sala dedicada a Frida Khalo e as seguintes concentra as restantes contribuições femininas à arte mexicana deste período. Entre elas uma agradável surpresa, Alice Rahon! Não conhecia mas fiquei muito impressionado pela pura beleza e bem-estar que me proporcionaram as duas telas expostas. Admirei a técnica, mistura de óleo com areia para obter telas com uma textura muito especial, os temas, ligeiros mas nada superficiais, e a beleza quase infantil com que ela combina cores e desenhos (esses verdadeiramente infantis).

Mais duas salas, e mais uma década, a de 50, navegando no mar do surrealismo... Depois de tudo o que já tinha visto, estas salas deixaram muito a desejar, e, se a exposição fosse México-Europa, 1910-1950, não sei se se teria perdido muito.

Fim da viagem. México 1960... Mais um passo, salto no tempo e no espaço, Lille 2004.
Mais dois passos, e aí sim uma verdadeira decepção. Não há catálogo da exposição à venda, nem nenhuma forma de sucedâneo. Apenas 4 postais, mal escolhidos, dos quais apenas compro a vendedora de flores de Rivera.
Caminho, agora entre a chuva, até ao carro. Duas horas de carro. Bruxelas, 2004. Conduzo de noite. Fim da viagem, regresso à vida normal, despir a capa de viajante. Chego a tempo de uma conversa transatlântica, Bruxelas - Boston, a tempo de partilhar um pouco da viagem. Sempre a tempo de amealhar memórias para o resto do inverno.


P.S.-
Dêem uma olhadela ao programa da minha viagem no espaço e no tempo:
México-Europa, 1910-1960, Ida e Volta


E ao museu:
Museu de arte moderna de Lille


quinta-feira, novembro 11, 2004

11 de Novembro de 1918!

Às primeiras horas da noite, o exército inglês ocupa a cidade de Mons (Bélgica), enquanto as forças francesas e americanas avançam, já na outra margem do rio "Meuse", em direcção da Alemanha. Durante a madrugada, a boa notícia chega : com as suas linhas infiltradas e incapazes de suster o avanço aliado na frente Oeste, a Alemanha rende-se. O Armistício da primeira guerra mundial é anunciado às 5 horas da manhã, e torna-se efectivo às 11 horas da manhã, do dia 11 do mês 11 de 1918. A essa hora acabam oficialmente as hostilidades na frente Oeste. A guerra continuou, nas outras frentes.

Portugal participou nesta guerra, oficialmente desde Março de 1916, na prática a partir de Setembro / Novembro de 1917. O meu bisavô paterno, Augusto Sá, combateu na Bélgica e em França em 1917 e 1918. Teve mais sorte do que muitos outros, e não encontrou a morte em Aire-sur-la-Lys, durante a batalha de 9 e 10 de Abril 1918. Chegou atrasado à linha da frente, felizmente, chegou com um batalhão que constatou os estragos e repatriou os mortos, lá para o 20 de Abril. Dos cerca de 60 000 portugueses que combateram na primeira guerra, mais de 2 000 morreram, mais de 5 000 ficaram feridos, e, durante a batalha pelo rio Lys, cerca de 7 000 foram tomados prisioneiros pelo exército alemão, e condenados ao trabalho forçado.

Hoje, 86 anos depois, não podemos esquecer. Nem a paz, nem sobretudo a guerra. Não podemos esquecer o horror desta e de todas as guerras!

Como respiram os astronautas:

Acabadinho de sair (foi posto à venda ontem), aqui fica a capa e contracapa do livro do meu chefe:


O que acontece ao coração humano no espaço?

Podia ser o título do último romance cor-de-rosa de mais um daqueles autores de literatura de verão... Mas estamos no Inverno...
É o título de um artigo de divulgação publicado na revista "ESA bulletin". Considero que o artigo não é fantástico, bem pelo contrário, mas para quem estiver interessado em conhecer superficialmente o mundo em que trabalho, é um bom ponto de partida.

Os interessados cliquem => aqui <=

(O artigo esqueceu-se de mencionar o meu nome na página 34, na experiência "Pulse Transit Time...", só mencionou os meus dois colegas, mas não é por isso que não deixo de aconselhar a sua leitura aos interessados!)

quarta-feira, novembro 03, 2004

Eleições americanas.

Quando o assunto é sério, como é o caso da eleição do senhor W. e sobretudo dos seus 55 senadores e duzentos e trinta e tal representantes, é chegada a hora de caetanear. Isto foi escrito a pensar, na "outra américa", a do sul, mas o mundo dá muitas voltas, e o norte de hoje (e dos próximos quatro anos) pode ser o sul de ontem!

Podres poderes, Caetano Veloso (texto completo)

(...)
Será que nunca faremos senão confirmar
A incompetência da América católica
Que sempre precisará de ridículos tiranos?

Será, será que será que será que será
Será que essa minha estúpida retórica
Terá que soar, terá que se ouvir
Por mais zil anos?

(...)
Será que apenas os hermetismos pascoais
Os tons, os mil tons, seus sons e seus dons geniais
Nos salvam, nos salvarão dessas trevas
E nada mais?

Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Morrer e matar de fome, de raiva e de sede
São tantas vezes gestos naturais

Eu quero aproximar o meu cantar vagabundo
Daqueles que velam pela alegria do mundo
Indo mais fundo
Tins e bens e tais

Podres Poderes, Caetano Veloso.


Também eu quero aproximar o meu cantar vagabundo daqueles que velam pela alegria do mundo, mas hoje não consigo!